O Areeiro

Actualmente, o Areeiro - outrora grandioso e importante na vida da cidade - é, para mim, uma das praças mais descaracterizadas e tristes de Lisboa.
Mas, também para mim,  nem sempre foi assim.
Hoje, em cinco minutos, teve o poder de evocar coisas tão antigas que nem eu mesmo sabia que ainda me lembrava. As horas infinitas a provar sapatos na sapataria Bambi  - quem da minha geração não teve uma infância "bambi"? - as  vindas a pé da escolinha, na padre Manuel da Nóbrega, os jogos aos polícias e ladrões nas traseiras da avenida de Roma, a nespereira do quintal  da minha avó, os mazagrins, os gelados feitos com refresco em pó Royal, a avenida Paris, os batidos da Ucal, a ginástica desportiva, o cheiro do Atlético de Alvalade, o pó de magnésio nas mãos, a cauda dos ratos de laboratório enrolada no indicador, as férias de quatro meses e  as nêsperas, sempre as nêsperas...

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