O Técnico, eu e o Pikachu

No domingo tive que ir ao Instituto Superior Técnico.
Senti qualquer coisa estranha no ar.
Dezenas de jovens - alguns já não tão jovens assim, diria que entre os 20 e os 30  anos -  e, uns mais outros menos excêntricos,  andavam de um lado para o outro com  telemóveis na mão, a olhar para todo o lado e a deambular, num modo alheado, que sem saber bem porquê me remeteu para meu estágio, em tempos idos, no Hospital Miguel Bombarda.
Depois, sentavam-se nas escadarias do Técnico e continuavam absortos no seu ecrã, por tempo indeterminado. Acresce que estavam 35 graus, mas nem isso parecia perturbá-los.

"Serão génios informáticos, oriundos deste arauto do conhecimento, a fazer algum trabalho de investigação?", pensei eu. "Serão talentosos estudantes a trabalhar nalgum estranho e surpreendente engenho"?
Mas não, não eram!  Era uma convenção de jovens, sim, mas destinada a .......apanhar Pokémons virtuais!

Se não me engano, estes bonecos apareceram em 1995. Fizeram as delícias da infância dos  meus três filhos e de milhares de crianças da mesma geração,  talvez entre os 4  e os 9 ou 10 anos de idade. Havia, entre muitas outras coisas,  cartas, cromos, cadernetas, bonecos, peluches, filmes e  desenhos animados. Coisas de crianças.
E agora, o que fazem estes adultos? Qual o universo em que se movem? Em que corrente ideológica ou filosófica se inscrevem? E eu? Porque me sinto do paleozóico quando olho para eles? E, pior do que isso, porque me preocupo?

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